Letreiros do Itacoatiara
O
riacho Itacoatiara é um pequeno afluente do rio Coreaú, que nasce na
Serra da Meruoca e descamba sertão afora, famoso por conter no seu leito e nas
suas margens as conhecidas pedras pintadas.
Antes de
alcançar o seu destino final, corta a fazenda Cachoeira, situada nas
proximidades da sede municipal. Neste local, encontra-se um sítio arqueológico
formado por alguns blocos de pedras nas quais estão gravados interessantes
litóglifos.
Thomaz Pompeu Sobrinho, em 1956,
publicou na Revista do Instituto do Ceará, TOMO LXX – ANO LXX, uma monografia
intitulada “ALGUMAS INSCRIÇÕES RUPESTRES INÉDITAS DO ESTADO DO CEARÁ”. Na p.
120, ele faz o seguinte comentário acerca deste centro de inscrições lapidares:
“Também à gentileza
do estimado amigo, o bispo de Sobral, o Autor pode estudar o grupo litóglifico
do lugar Cachoeira. No leito e nas margens do riacho Itacoatiara, afluente do
rio Coreaú, no município que também por êste nome se denomina, encontram-se em
1 bloco de pedras diferentes, na distância 10 quilômetros da cidade.
Itacoatiara(Fig.
13). Os grupos de sinais em pedras diversas são completamente diferentes; mas,
além dêles, no mesmo lugar, existe, por baixo de pedra saliente um pintura,
cuja principal parte é guiforme. Entre os caracteres, destaco uma espiral,
sinal raro nas inscrições rupestres do Nordeste. (2)”
Nesta mesma página,
encontra-se a seguinte nota de rodapé:
“(2) Na fig. 13, o
n. VIII contém sinais que ficam por baixo de umas pedras, alguns dos quais não
parecem ser autênticos. Observa-se, entre outras, as letras Y, Z e Q.”
Além
destas inscrições, neste mesmo local, existem pequenos tanques abertos nas
próprias rochas. No bloco central, no leito do riacho, há um tanque que lembra
o formato de uma viola. Há pouco tempo, uma de suas extremidades foi
danificada, descaracterizando o modelo inicial.
Consta que
havia, também, neste sítio, uma escultura trabalhada na rocha, que fora
destruída, não faz muito tempo, por pessoas que desconheciam a importância
histórica desta. Era conhecida como “pedra do pilão”222, porque
tinha esta forma.
Este
conjunto arqueológico, que já sofreu grandes agressões em sua composição
natural, está inserido numa propriedade particular. Até aqui, nunca mereceu a
necessária atenção dos poderes públicos no que tange à sua preservação. O
acesso não é convidativo, concorrendo, assim, para que permaneça totalmente
ignorado pela imensa maioria da população.
Sobre
a arte rupestre existente neste local, além da monografia acima citada, que
destaca, na Estampa III, grupos I a VIII, página não numerada um esboço dos
sinais ali consignados, não encontramos nenhum registro sobre a sua procedência
étnico-histórica.
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222 Esta escultura denominada de “pedra do
pilão” foi bastante referida durante a pesquisa, principalmente pelas pessoas
mais idosas.
Fonte: História de
Coreaú: 1702-2002
Leonardo
Pildas
Pauta:Professor Davi Portela